O adeus a Zagallo, ocorrido na sede da CBF, no Rio, se caracterizou neste domingo (7) pelo compartilhamento de instantes inolvidáveis experimentados pelo ícone tetracampeão mundial. Companheiros, fãs, ex-jogadores e familiares renderam tributo ao mito do futebol, que nos deixou na sexta-feira (6), aos 92 anos.

A saga do tricampeonato em 1970 contou com Clodoaldo, enquanto Reinaldo, uma das estrelas da Seleção nos anos 70 e 80, Juan, participante dos mundiais de 2006 e 2010, e ex-campeões de 1994 estavam presentes no evento.

“O Velho Lobo nos legou um patrimônio notável no futebol. Ele foi um guia para mim, alguém que me tratou como um filho, um orientador. Ele me introduziu ao amor pela seleção brasileira. Jamais encontrei alguém tão enamorado pelo nosso esquadrão, pelo nosso povo,” expressou Zinho.

Mauro Silva, parte integrante da conquista do tetracampeonato em 1994, nos EUA, também ressaltou a conexão de Zagallo com o manto amarelo.

“O afeto que ele nutria pela vestimenta da Seleção Brasileira; isso se faz mais vital do que jamais nos dias de hoje para nós. É significativo estar aqui, significativo envolver a família num abraço, trazer conforto e expressar gratidão ao clã Zagallo pelo que fizeram por nós,” articulou Mauro Silva.

O ex-arqueiro Gilmar Rinaldi, igualmente agraciado com o título mundial em 1994, fez sua reverência a Zagallo.

“De todos os louros e sabedorias compartilhadas por ele, recordo-me de sua função como assistente técnico de Carlos Alberto Parreira em 1994. Foi algo tremendamente belo de testemunhar, pois, após sagrar-se campeão mundial como técnico, ele tomou uma posição de aliado, de defensor do Parreira,” frisou Gilmar.

Mazinho, também membro do grupo vitorioso em 1994, ressoou as palavras de seus companheiros. “Zagallo transmitiu a nós a importância de vestir o Amarelinha, de enaltecer a Seleção Brasileira. Isso nos tocou profundamente,” confidenciou.

Carlos Alberto Parreira, presente na central da CBF, prestou seus sentimentos a Zagallo. “Foi um deleite desfrutar dessa convivência por mais de meio século, num vínculo que fortifica-se continuamente. Zagallo imortalizou-se por toda sua contribuição ao esporte rei. Um ícone,” falou Parreira.

Branco, Bebeto, Jorginho e Cafu, glorificados com o título mundial em 1994 e 2002, igualmente louvaram a memória de Zagallo.

“Em minha jornada como esportista e ser humano, tive a honra de ter Zagallo como inspiração. Ele representou uma espécie de pai secundário para mim. Ele ultrapassa a esfera do futebol. Nutrimos um afeto imenso por sua família,” declarou Bebeto, líder em campo na competição de 1994.

“Se hoje me orgulho de ser tetracampeão, o devo a ele. Zagallo me introduziu no Flamengo em 1984, com 19 anos, e revolucionou minha vida,” expressou Jorginho, sucedendo a emocionantes entrevistas antes de prosseguir para o cortejo fúnebre de Zagallo.

O capitão da seleção em 2002, Cafu foi enfático em seu elogio a Zagallo. “Manifestei ontem, repito hoje e ecoarei pelo resto de meus dias, todas as exaltações aos feitos de Zagallo jamais equiparar-se-ão à magnitude e à relevância que detém no futebol global. Quem teve a chance, como eu, de conviver com o mestre Zagallo sabe o que digo. Zagallo é como um patriarca, um amigo, alguém que nos ofertou conselhos e alguém que possui uma narrativa rica no futebol.”

Acompanhando Parreira à CBF, o ex-flanco Branco juntou-se aos campeões de 1994 para expressar sua estima por Zagallo. “Nosso grande mentor partiu. O crucial de toda essa trajetória é que nos foram ofertadas inúmeras lições de humanidade e de esportividade, de persistência, fé e, principalmente, de espirito triunfador. Eterna gratidão ao nosso estimado Zagallo, que nos instruiu sobre o que é amar o manto amarelo. Obrigado, nobre líder, e que o Senhor lhe acolha na melhor das maneiras. Um afetuoso abraço no coração e grato por tudo.”

Para Clodoaldo, essencial na Copa de 1970, Zagallo englobou inúmeras virtudes que o escalaram a um patamar de sucesso. “Sou perpetuamente agradecido a ele, que apostou em mim para que eu pudesse fazer parte da equipe de 1970. Zagallo foi e será para todo o sempre o aficionado supremo do futebol brasileiro. Missão realizada.”

Muito requisitado pelos repórteres, Reinaldo, componente da Copa de 1978, afirmou que a história de Zagallo constitui “talvez um dos capítulos mais deslumbrantes do nosso futebol”. O antigo avançado ressalvou que Zagallo influenciou não só os atletas mas também os entusiastas. “Nos contagiamos com seu fervor, sua determinação, sua aspiração pela vitória. Ele simboliza o futebol internacional. Descanse serenamente. Sua exaltação e entusiasmo farão falta para sempre.”

Juan, Athirson, ex-defensor do Flamengo e da Seleção, bem como Paulo Nunes, Grafite e os estrategistas Sebastião Lazaroni e Ramon Menezes também estiveram presentes no último adeus a Zagallo e prestaram sua derradeira saudação ao Lobo Velho.