O volante do futebol brasileiro, Guilherme Madruga, com 23 anos de idade, está desfrutando de um dos períodos mais brilhantes de sua carreira. Atualmente é um dos fortes concorrentes ao troféu Puskás.

Embora seja preciso apenas realizar um gol impressionante uma única vez para ser lembrado, Madruga conseguiu a façanha duas vezes: com um golpe acrobático de bicicleta, que lhe valeu a indicação, e um tento marcado do centro do campo.

“(É gratificante) poder afirmar que consegui um feito que o Pelé não atingiu (sorrisos)”, contou durante uma conversa extensa com o Sambafoot.

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Madruga, pode nos detalhar a sua conexão com o futebol? Observei que seu progenitor era uma estrela no futebol amador e você tinha interesse pelo handebol. Como isso se desdobrou?

Desde pequeno, sempre nutri uma paixão pelo futebol. Meu pai foi o grande responsável por transmitir esse amor a mim e ao meu irmão, presenteando-nos, nos levando para ver suas atuações no campo, nos presenteando com camisetas do clube e afins. Sobre o handebol, realmente houve um foco maior no esporte em minha cidade natal, localizada no interior do Mato Grosso do Sul, e assim surgiu a febre, praticada por mim e meus colegas. Participávamos de torneios, viajávamos e nos divertíamos bastante. Mas minha verdadeira afeição era por estar junto aos amigos. No entanto, aos 13 anos, tive que decidir entre um esporte e outro e, no fim, o futebol foi a minha escolha. Acredito que tomei o caminho correto.

Seu irmão também seguiu no futebol? Como é a relação de vocês?

Nós costumávamos chutar a bola desde cedo, enfrentando meu pai na meta, na época de escola, ele era o destaque e eu sempre fui mais esforçado (risadas). Eu fui o primeiro a sair de casa atrás do sonho de ser um jogador e, logo após, ele também seguiu essa trilha. Mas, infelizmente, ele teve uma contusão no quadril que o impediu de prosseguir, optando assim, por um caminho distinto. Temos uma relação muito próxima; ele se alegra com os meus êxitos e eu com os dele.

Com a pandemia, você não permaneceu no Shandong Luneng, correto? Poderia nos contar mais sobre essa etapa, os treinos, etc.?

Ocorreu essa mudança porque houve interesse mútuo; havia desfrutado de uma temporada muito positiva no Desportivo Brasil, jogando várias partidas na categoria Sub-20 e também na equipe principal. Na China, treinava tanto no time B quanto na equipe principal, integrando jogadores como Roger Guedes, Moisés, Fellaini entre outros. Não deu certo, mas levo comigo uma experiência valiosa.

Que impacto a pandemia teve sobre você, imaginando que como jogador em busca de oportunidades isso poderia ter sido um desafio ainda maior?

Me fez refletir bastante pois estava numa idade de transição para a categoria profissional, onde as oportunidades são mais limitadas, e no Desportivo, observei várias trajetórias que não alcançaram êxito. Contudo, foquei no treinamento intenso durante o período da pandemia e retornei pronto para entregar um desempenho excepcional.

2023 foi um ano encantador para você. Poderia nos relatar sobre ele?

Realmente foi uma temporada marcante para mim, não apenas pelos gols inesquecíveis, mas também foi o ano em que disputei a maior quantidade de partidas na minha trajetória. Estreei nas competições nacionais e estive à altura dos desafios. Meu alvo inicial era apenas selar minha transferência para o Botafogo e o resultado superou minhas expectativas.

Quanto aos belíssimos gols, estou curioso em saber o que passava pela sua cabeça no momento das jogadas. Foi algo espontâneo? Tanto o chute de bicicleta quanto o lance a partir do meio-campo foram impressionantes.

Foram lances deliberados; o gol de bicicleta é mais complicado, pois não consigo enxergar o goleiro; precisei de uma precisão milimétrica e tive sorte. Já o do meio-campo, eu dominei a bola, olhei rapidamente e tomei a decisão de um instante, finalizando rasteiro, deixando o goleiro sem chances. Ambos os dias foram inesquecíveis; espero que se repitam.

O gol de bicicleta, em particular, desperta meu interesse por ser de fato pouco comum. Remete a um gol do Ibrahimovic.

Eu estava cercado por três defensores; era a única saída que me restava. Caso dominasse a bola, era provável que a perdesse; tive a sorte de ter essa inspiração atípica (sorrisos).

Você imaginava que seu gol poderia lhe valer uma nomeação ao Prêmio Puskás?

Nunca cogitei concorrer ao Prêmio Puskás, sendo um meio-campista que joga distante da meta adversária. Eu aspirava a marcação presença no evento da FIFA como o melhor na minha posição. Contudo, recebi com grande felicidade a indicação e estou tratando isso como uma lição de que posso sonhar além; algo que para mim parecia fora do alcance tornou-se palpável.

Atualmente, como tem sido o cotidiano com o reconhecimento tanto nacional quanto internacional?

Está sendo um instante prazeroso; sempre almejei que minhas atuações ecoassem, e agora ecoam.

Nesse ano espetacular que você teve em 2023, surgiram algumas propostas? Pode nos adiantar algo sobre elas?

É lisonjeiro ser notado pelo trabalho duro; o que for melhor para todas as partes envolvidas certamente ocorrerá.

Até agora, qual seria o episódio mais gratificante dessa caminhada futebolística que você está trilhando?

Conseguir realizar algo que Pelé não fez (risadas).