Durante uma sessão temática no Senado sobre a lei de apostas, o pastor Silas Malafaia fez um pronunciamento enfático e polêmico, utilizando argumentos religiosos para tentar impedir a aprovação do projeto de lei que regulamenta o setor de jogos e apostas no Brasil. Seu discurso, carregado de apelos ao temor a Deus e ao espírito cristão, chamou atenção pela intensidade das declarações e ameaças dirigidas aos parlamentares.

Lei de Apostas: discurso de Silas Malafaia no Senado

Em um momento de grande relevância para a discussão sobre a lei de apostas no Brasil, Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, foi escalado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE) para defender a manutenção da ilegalidade dos jogos físicos no país. Durante sua participação, realizada por teleconferência, o pastor fez uso de um discurso inflamado, apelando para os princípios religiosos dos senadores e instigando-os a rejeitar o projeto de lei.

Malafaia argumentou que a lei de apostas seria uma ameaça à sociedade, afirmando que as apostas corroem a economia e destroem vidas. “Eu quero apelar aos senhores senadores que têm um mínimo de espírito cristão e um mínimo de temor a Deus: digam ‘não’ à jogatina, porque ela destrói o ser humano e corrói a própria economia,” defendeu o pastor, tentando associar o jogo à degradação moral e econômica do país.

A relação entre religião e a oposição ao projeto de Lei de Apostas

A presença de Malafaia na sessão reforçou a percepção de que a oposição à lei de apostas tem raízes profundamente religiosas. Durante a sessão, os argumentos contrários ao projeto foram frequentemente sustentados por referências à moral cristã, como demonstrado pela citação da nota contrária à legalização emitida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A participação do pastor, portanto, serviu para carimbar definitivamente a tese de que a resistência ao projeto é, em grande parte, motivada por convicções religiosas.

Contudo, o impacto do discurso de Malafaia pode ter sido prejudicado pela natureza repetitiva e antiquada dos argumentos apresentados. Ele basicamente reiterou os mesmos pontos que já haviam sido levantados pelo senador Eduardo Girão, o que pode ter diminuído a eficácia de sua intervenção. O apelo à moralidade e ao temor divino, embora poderoso para uma parcela específica da população, pode não ter o mesmo efeito sobre um público mais amplo e diverso que compõe o Senado.

Lei de Apostas: A estratégia de Silas Malafaia e seus limites políticos

Além do apelo religioso, Malafaia adotou uma postura de confrontação direta contra o governo e os parlamentares que apoiam a lei de apostas. Ele acusou o governo de estar mais interessado em arrecadar dinheiro do que em proteger os cidadãos, sugerindo que o apoio ao projeto seria um abandono das responsabilidades para com os mais vulneráveis. “Neste governo que está aí, ávido por arrecadar, não estão nem aí para pobre, não estão nem aí para famílias, não estão nem aí para idosos! O negócio é arrecadar,” criticou o pastor, em um ataque direto à gestão atual.

A estratégia de Malafaia também incluiu ameaças veladas aos senadores, afirmando que aqueles que votassem a favor da legalização seriam denunciados durante suas campanhas de reeleição. Ele prometeu que seus seguidores fariam questão de expor esses parlamentares como cúmplices de uma “desgraça social” que traria desemprego e destruição ao país. Essa retórica agressiva, no entanto, pode ter seus limites no contexto político atual.

Embora Malafaia seja uma figura influente entre os evangélicos, o exemplo do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que teve uma queda significativa em sua votação nas últimas eleições apesar do apoio do pastor, indica que a capacidade de Malafaia de mobilizar votos pode estar diminuindo. Em 2018, Cavalcante recebeu 94.203 votos, mas em 2022 esse número caiu para 65.443, uma redução de 31%. Esse fato levanta dúvidas sobre o real poder político de Malafaia e sua capacidade de influenciar os resultados eleitorais de maneira decisiva.

A evolução do discurso anti-jogo no Brasil e a Lei de Apostas

O discurso de Malafaia também deve ser entendido dentro de um contexto histórico mais amplo de oposição à lei de apostas no Brasil. Há décadas, figuras públicas têm utilizado argumentos de “moralidade” e “bons costumes” para justificar a manutenção da proibição dos jogos, uma tradição que remonta a Dona Santinha há 78 anos. Essa retórica foi absorvida e ampliada por parte dos líderes religiosos neopentecostais, que veem na lei de apostas uma ameaça às suas comunidades e aos valores que defendem.

Entretanto, a sociedade brasileira está em constante mudança, e as percepções sobre o jogo, assim como sobre outros temas moralmente controversos, estão evoluindo. O crescimento das apostas online e o aumento da popularidade de loterias e outros jogos regulamentados indicam que a proibição pode estar se tornando insustentável, especialmente diante da necessidade de novas fontes de receita para o governo.

Lei de Apostas: O impacto limitado do discurso de Malafaia

Apesar da intensidade e da visibilidade do discurso de Silas Malafaia, o impacto de sua intervenção na discussão sobre a legalização dos jogos no Brasil pode ser limitado. A estratégia de apelar para o temor religioso e ameaçar os parlamentares pode encontrar resistência em um Senado que lida com uma diversidade de crenças e interesses.

Além disso, o contexto político atual, marcado por mudanças nas percepções sociais e pela crescente pressão por regulamentação de setores antes marginalizados, pode diminuir a influência de argumentos baseados exclusivamente na moralidade religiosa. Assim, o “terrorismo religioso” denunciado pelos defensores da legalização pode não ter o efeito desejado, especialmente se a sociedade e os parlamentares começarem a ver a regulamentação dos jogos como uma medida necessária e inevitável para o crescimento econômico e a modernização do país.

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Gustavo_moretto
Especialista em Conteúdo, Apostas e Cassino Online | Website

Gustavo H. Moretto, especialista em cassino com mais de uma década de experiência em jogos online. Analisou milhares de cassinos, caça-níqueis e jogos, dominando bônus, métodos de pagamento e tendências. Seu foco é educar jogadores sobre riscos e recompensas, capacitando decisões informadas em apostas esportivas e cassinos online.