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Zagallo deixa o palco após viver intensamente o futebol por 92 anos

Screenshot 2023 08 17 at 09 08 28 Zagallo @zagallooficial • Instagram photos and videos

Ícone supremo em conquistas mundiais, exaltado e venerado por um exército de aficionados, herói de distintas épocas, Mário Jorge Lobo Zagallo veio a óbito na última sexta-feira (5), aos 92 anos de idade. O comunicado foi realizado por meio dos perfis sociais do antigo treinador e atleta da seleção brasileira.

Atleta titular nos mundiais de 1958 e 1962, comandante técnico em 1970 e coordenador de equipe em 1994, Zagallo ergueu quatro copas mundiais. Ele é imbatível na história quase centenária do torneio.

Companheiros, técnicos, atletas e gestores do esporte ao redor do globo lamentaram o adeus do Velho Lobo, alcunha pela qual era conhecido.

Ainda com 92 anos, Zagallo nunca ocultou o amor incondicional pelo futebol. Mesmo antes de ingressar nas categorias menores do América-RJ, já demonstrava o desejo de ser pisante. Não foi por acaso que seus amigos e vizinhos o convocavam para participar nos gramados da Tijuca, onde vivia em sua infância, localizado na região norte carioca.

Zagallo veio ao mundo em Atalaia, uma cidade no estado de Alagoas, situada a 48 km de Maceió. Contudo, com somente oito meses de vida, mudou-se ao Rio de Janeiro com sua família. Seu genitor, Aroldo Cardoso, outrora jogador do CRB em Alagoas, mesmo reconhecendo o talento com o esférico do filho caçula, preferia vê-lo nos bancos escolares e apenas se convenceu que Zagallo poderia prosseguir no futebol após intervenção do filho mais velho, Fernando.

Em campo, com estrutura física delicada, Zagallo raramente era superado em disputas. Ele compensava a escassez de porte físico com agilidade, percepção de jogo e sagacidade, causando irritação entre defensores. Após sua jornada pelo América, destacou-se no Flamengo, clube pelo qual obteve três conquistas estaduais consecutivas em 1953/54/55.

Através de suas exibições pelo Flamengo, conquistou um espaço na Seleção Brasileira e integrou a equipe que triunfou no Mundial de 1958, no Chile. Nesse torneio, anotou um dos tentos na goleada do Brasil por 5 a 2 diante da Suécia na grande final.

Já com renome, experimentaria outros instantes marcantes durante sua estada no Botafogo, de meados de 1958 até 1965. Foi nessa fase que faturou seu bicampeonato mundial, ao lado dos ilustres companheiros de clube Didi, Nilton Santos, Amarildo e Garrincha, figuras lendárias do futebol.

Em 1970, alcançou seu terceiro troféu mundial, desta vez na função de técnico da sublime equipe que contava com Pelé, Clodoaldo, Tostão, Gerson, Jairzinho, Rivellino, Carlos Alberto Torres, entre outras luminárias. Ele abraçou a nova responsabilidade com dedicação e entusiasmo. Com o êxito no Mundial do México ao seu favor, permaneceu à frente da seleção durante a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, vencida pelos anfitriões num embate memorável contra a Holanda.

Sua trajetória como técnico o credenciava como um dos mais notáveis do globo. Gradualmente, superou todos os embates fora das quatro linhas, enfrentando outros técnicos, membros da imprensa e jogadores de nomeada. Retornou ao comando técnico da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1998 e, na edição de 2006, atuou como colaborador de Carlos Alberto Parreira.

Com o avanço dos anos, Zagallo era admirado por seus bordões que despertavam humor e geravam afeição junto ao público. O mais célebre, “Você vai ter que me engolir”, se tornou um marco significativo em sua carreira. Pronunciado pela vez inicial em 1997, quando o Brasil, sob sua direção, sagrou-se vencedor da Copa América, derrotando adversários nos seis confrontos que disputou, a princípio se manifestou como um desabafo contra repórteres que instigavam a nomeação de Vanderlei Luxemburgo ao posto principal.

Zagallo optou por não dar sequência à sua vida profissional no universo futebolístico em 2011, quando contava com 79 anos. No ano de 2012, o campeão de quatro Mundiais enfrentou a mais dura adversidade de sua vida – o falecimento de sua esposa, Alcina, com quem dividia matrimônio por 57 anos. O casal gerou cinco descendentes. Devoto de superstições, proclamava que Alcina era a musa perfeita, pois a soma das letras de ambos os nomes totalizava 13, cifra pela qual expressava gratidão por associá-la a sorte, fortuna e amor.

O respeito e o aconchego destinados aos amigos de longa data denotavam outra faceta do caráter de Zagallo. Em 2021, ao atingir 90 anos, foi agraciado com uma mensagem singular de Pelé. “Já fomos colegas de pelada. Já estivemos em lados opostos. Já fui seu comandado e você, meu orientador. Porém, acima de tudo, sempre mantivemos uma fraternidade profunda. Você é um guia, um conselheiro, uma referência e um companheiro de alma vasta, que a nação do futebol brasileiro eternamente lembrará.”

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