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O Preço Oculto da Glória: Enfrentando a REDs no Atletismo Mundial

reds

Saiba o que é deficiência de energia relativa no esporte 

O Comitê Olímpico Internacional reuniu um grupo de especialistas e introduziu um novo termo para avaliar riscos e tratamento para proteger atletas. O termo “Deficiência de Energia Relativa no Esporte (RED-S) está relacionado com uma inadequação de disponibilidade de energia para atender as demandas metabólicas do corpo e da prática esportiva. Ocorre por um desequilíbrio entre o consumo e o gasto energético. Pode acometer atletas amadores ou de alto rendimento, femininos e masculinos.

Sonhos Desfeitos no Trajeto para o Estrelato

No mundo do atletismo, Mary Cain e Pippa Woolven brilhavam como estrelas em ascensão, com promessas de recordes e medalhas preenchendo seus horizontes. Ambas, dotadas de talento e determinação, pareciam destinadas ao pódio mundial. No entanto, uma sombra insidiosa pairava sobre seus caminhos, uma condição pouco compreendida e muitas vezes ignorada: a Deficiência Energética Relativa no Esporte (REDs).

A Ascensão Meteórica e a Queda Inesperada

Mary Cain, a mais jovem atleta de atletismo dos EUA a competir no Campeonato Mundial, e Pippa Woolven, campeã de obstáculos do Reino Unido e bolsista na Florida State University, viram suas trajetórias promissoras serem abruptamente interrompidas. O que inicialmente parecia ser o resultado de rigorosos treinamentos logo revelou-se como REDs, uma condição devastadora que desafia a fronteira entre a disciplina atlética e os padrões comportamentais prejudiciais.

Compreendendo a REDs

A REDs é caracterizada por um desequilíbrio entre o consumo e o gasto energético, resultante de treinamentos excessivos e/ou alimentação insuficiente. Esse desbalanceamento pode levar a graves consequências à saúde dos atletas, como problemas metabólicos, ósseos, imunológicos, cardiovasculares, além de impactar a saúde mental e o desempenho esportivo. “Onde o treinamento seguro se transforma em REDs é diferente para todos”, explica o Dr. Farrah Jawad, destacando a complexidade e a natureza individualizada da condição.

O Impacto Devastador nos Atletas

Para Cain e Woolven, a REDs não foi apenas uma barreira física, mas também um golpe em suas ambições e sonhos. Cain, que já havia sido celebrada como um prodígio do atletismo, encontrou-se em um “ambiente externo tóxico” no Projeto Nike Oregon, onde o abuso e as pressões exacerbaram sua luta contra a REDs. Suas revelações ao The New York Times em 2019 abriram um diálogo necessário sobre os perigos escondidos nos treinamentos de alto nível e a cultura do “vencer a todo custo”.

Woolven, por outro lado, viu sua saúde se deteriorar gradualmente, perdendo aspectos de sua identidade à medida que a obsessão pelo desempenho começava a dominar sua vida. “Mudei-me para a América e perdi outros aspectos da minha identidade porque era tão sério e tão focado na corrida”, ela reflete, ilustrando como as expectativas podem silenciosamente alimentar a REDs.

Desmistificando a Prevalência da REDs

A verdadeira extensão da REDs no esporte permanece incerta, com estimativas variando dramaticamente. A falta de conscientização e o estigma em torno da saúde mental e dos distúrbios alimentares no atletismo contribuem para essa incerteza. “Achamos que quanto mais profundamente você começa a fazer essas perguntas… os números parecem ser bastante altos”, afirma a Dra. Kathryn Ackerman, sinalizando a necessidade urgente de abordar a REDs de forma mais abrangente.

Rumo a Uma Nova Cultura Esportiva

A coragem de Cain e Woolven em compartilhar suas histórias marca um passo vital na luta contra a REDs. Ambas estão empenhadas em construir um ambiente esportivo que valorize a saúde e o bem-estar dos atletas tanto quanto o desempenho. “Se as instituições não vão mudar, posso pelo menos criar uma instituição que eu sei que será um espaço seguro”, afirma Cain, destacando sua iniciativa na Atalanta NYC.

Woolven, através do Projeto RED-S, fornece recursos e apoio para aqueles que enfrentam desafios semelhantes, promovendo uma conscientização maior sobre a condição e suas implicações. “Nem tudo édesgraça e tristeza”, ela ressalta, enfatizando que, com o diagnóstico e tratamento corretos, é possível reverter muitos dos efeitos negativos da REDs e retomar uma carreira atlética saudável.

Diagnosticando e Tratando a REDs

O diagnóstico da REDs é complexo, dada a sua natureza multifacetada. Não existe um único teste que possa identificar a condição, o que exige uma avaliação holística do atleta. A recente Declaração de Consenso do COI oferece novas diretrizes para melhorar o diagnóstico e a prevenção, mas o tratamento ainda depende significativamente da situação individual de cada atleta. “O tratamento realmente depende de onde você está começando”, explica o Dr. Ackerman, sublinhando a importância de uma abordagem personalizada.

Mudança Cultural e Institucional no Esporte

A luta contra a REDs requer mais do que apenas conscientização individual; necessita de uma transformação cultural e institucional dentro do mundo do esporte. A experiência de Cain no Projeto Nike Oregon ilustra como um ambiente tóxico e uma cultura de “vitória a todo custo” podem contribuir para o desenvolvimento da REDs. “O meio ambiente foi uma mentalidade de vitória a todo custo… e então acho que por ser tão apaixonado por isso, foi fácil para mim ser sugado por um tipo diferente de obsessão por ele,” Cain reflete sobre sua experiência.

Construindo um Futuro Melhor

Apesar dos desafios, Cain e Woolven permanecem otimistas quanto ao futuro do esporte. Suas iniciativas, como a Atalanta NYC e o Projeto RED-S, estão pavimentando o caminho para uma nova era no atletismo, onde a saúde e o bem-estar dos atletas são tão valorizados quanto o desempenho. “Estou esperançoso”, diz Cain, ressaltando a importância de continuar a luta pela conscientização e mudança.

Conclusão: Além da Linha de Chegada

A jornada de Mary Cain e Pippa Woolven destaca não apenas os desafios individuais enfrentados pelos atletas, mas também os problemas sistêmicos dentro do esporte que podem contribuir para condições como a REDs. Suas histórias servem como um lembrete poderoso de que o verdadeiro sucesso no atletismo não se mede apenas por medalhas e recordes, mas pela capacidade de cultivar atletas saudáveis, resilientes e felizes. À medida que o mundo do esporte se move para enfrentar a REDs, a esperança reside na construção de uma cultura que celebre a força, não apenas física, mas também mental e emocional, de cada atleta.

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