Ícone do site Apostador Brasileiro

Jogo do bicho perde força enquanto apostas digitais crescem

Jogo do bicho

Jogo do bicho perde as forças (Fonte: Reprodução Google)

Em uma análise histórica e social, o historiador Luiz Antonio Simas argumenta que o tradicional jogo do bicho está em declínio, enquanto as apostas digitais – conhecidas como “bets” – estão ocupando um espaço cada vez maior no imaginário e nas práticas de entretenimento dos brasileiros. Durante uma palestra no bairro do Bixiga, em São Paulo, Simas afirmou que o jogo do bicho enfrenta uma crise de renovação de público e está cada vez mais sendo substituído pelas apostas online, que oferecem maior acessibilidade e se beneficiam do crescimento do mundo digital.

Transformação da Cultura de Apostas

Simas explica que o jogo do bicho, criado no final do século XIX, nasceu como uma prática lúdica ligada à cultura de rua e às comunidades. Inicialmente uma forma de atrair visitantes ao Zoológico de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, o jogo rapidamente se popularizou, especialmente entre as classes sociais mais baixas. Era uma forma de entretenimento acessível, com valores baixos e um sistema baseado em sonhos e símbolos, que acabou tornando-se um marco cultural no Brasil.

No entanto, o cenário atual aponta para um esvaziamento da cultura de rua e uma transição para práticas de apostas mais individualizadas e digitais. Segundo Simas, a dinâmica das apostas online transformou a relação das pessoas com o jogo, deslocando-o de um ambiente coletivo para o universo individual da tela. Essa transformação reflete mudanças mais amplas na sociedade, onde o espaço público está sendo substituído pelo ambiente digital.

As Razões para o Declínio do Jogo do Bicho

O historiador destaca que o jogo do bicho enfrenta uma dificuldade crescente em atrair novos apostadores, especialmente entre o público jovem. Atualmente, é raro encontrar jogadores com menos de 40 anos nas bancas de bicho. Em contraste, as plataformas de apostas online oferecem um modelo adaptado ao público jovem e conectam-se facilmente com o estilo de vida digital dessa geração, com acesso facilitado por aplicativos e plataformas 24 horas por dia.

Simas afirma que essa falta de renovação de público está diretamente ligada ao esvaziamento das ruas e à redução da sociabilidade em espaços públicos. O jogo do bicho, como outros elementos da cultura popular, depende da interação social e do contato direto com a comunidade para prosperar. Com o avanço da tecnologia e a mudança para um estilo de vida mais digital, as práticas tradicionais, como o jogo do bicho, perdem espaço.

A Influência das Apostas Digitais no Imaginário Popular

Além do impacto prático, as apostas online têm alterado o imaginário e os sonhos do povo brasileiro, que, segundo Simas, agora “vivem e sonham dentro das bets”. Diferente do jogo do bicho, que se baseava em um sistema de símbolos e sonhos que promoviam uma relação de proximidade e superstição, as apostas digitais introduzem um ambiente mais rápido, pragmático e visualmente atraente, mas que está focado na experiência individual da tela.

Para Simas, a substituição do jogo do bicho pelas apostas digitais representa uma perda significativa para a cultura popular brasileira. As bets, segundo ele, “sugam dinheiro e jogam a cultura coletiva para uma experiência isolada na tela”. Essa mudança reflete um processo de individualização das práticas culturais, onde a interação social é substituída por uma conexão solitária e virtual, menos associada à troca de experiências e ao encontro nas ruas.

A História Cultural do Jogo do Bicho

Em seu livro “Maldito Invento dum Baronete – Uma Breve História do Jogo do Bicho”, Simas faz uma análise profunda da história do jogo do bicho e suas raízes culturais. Ele destaca que o bicho era um jogo acessível, com um custo baixo de entrada, o que permitia a participação das classes mais pobres. Mais do que um simples jogo, o bicho carregava significados sociais, culturais e até espirituais, com muitos apostadores escolhendo números baseados em sonhos, superstições e crenças pessoais.

Simas enfatiza que o jogo do bicho nasceu em um contexto em que o Brasil tentava definir o que seria considerado “aceitável” ou “civilizado” pela sociedade. No final do século XIX, as elites buscavam reprimir práticas culturais associadas às classes populares e às comunidades negras, que eram vistas como ameaças ao projeto civilizatório do país. O jogo do bicho, com suas raízes populares, acabou sendo criminalizado e marginalizado, enquanto outras formas de apostas, como o turfe, eram aceitas e até incentivadas pela elite.

O Futuro das Apostas e o Declínio do Jogo do Bicho

Simas acredita que o jogo do bicho está próximo de desaparecer completamente, pois não consegue competir com as apostas online em termos de acessibilidade e modernidade. A falta de investimentos e a ausência de renovação de público fazem com que o bicho perca relevância no cenário atual. Em contraste, as apostas online estão em constante crescimento, movidas por investimentos massivos e por campanhas de marketing que atraem novos usuários, principalmente entre os jovens.

Outro fator importante para o declínio do jogo do bicho é a falta de inovação tecnológica. Enquanto as bets oferecem plataformas digitais modernas, com diversas opções de jogos e possibilidades de ganhos, o jogo do bicho permanece ligado a um modelo analógico, com pouca ou nenhuma interação tecnológica. Essa desatualização coloca o bicho em uma posição desvantajosa em um mercado que valoriza cada vez mais a inovação e a conectividade.

Impactos Sociais da Transição para as Bets

A transição do jogo do bicho para as apostas online tem consequências que vão além do aspecto cultural. Para Simas, o crescimento das bets representa um desafio para a saúde financeira das famílias e para o equilíbrio social. Diferentemente do jogo do bicho, que envolve apostas de baixo valor e funciona como uma prática coletiva, as bets introduzem um modelo de apostas mais intenso e que pode levar ao endividamento.

Enquanto o jogo do bicho envolvia uma dinâmica mais controlada e menos invasiva, as bets operam com sistemas de recompensa instantânea e acessibilidade constante, o que pode contribuir para o desenvolvimento de comportamentos compulsivos. Simas alerta que, sem uma regulamentação adequada e medidas de proteção ao consumidor, as bets podem representar um risco significativo para os jogadores e para a sociedade como um todo.

Considerações Finais sobre o Declínio do Jogo do Bicho

A análise de Simas aponta para um futuro incerto para o jogo do bicho, uma prática que, por mais de um século, fez parte do cotidiano e do imaginário popular brasileiro. No entanto, com a ascensão das apostas digitais e a mudança para um estilo de vida cada vez mais conectado, o jogo do bicho enfrenta dificuldades para se manter relevante.

A transição para as bets não apenas muda a forma como os brasileiros jogam, mas também altera a relação da sociedade com o próprio ato de apostar. O jogo do bicho, com sua conexão com a cultura popular e sua presença nas ruas, dá lugar a um modelo mais impessoal e individualizado, onde o contato humano é substituído pela experiência digital.

Nos acompanhe nas redes sociais do Apostador Brasileiro e saiba tudo sobre apostas esportivas.

Sair da versão mobile