Ícone do site Apostador Brasileiro

Jogo do Bicho: 132 Anos de História e Tradição no Brasil

jogo do bicho

Nesta quarta-feira, dia 3 de julho, o jogo do bicho completa 132 anos de operação. Apesar de décadas de proibição, essa prática permanece profundamente enraizada na cultura brasileira, refletindo uma rica história de resistência e adaptação.

Origem e Evolução do Jogo do Bicho

Criação e Primeiros Anos

O jogo do bicho foi criado originalmente como Jogo das Flores pelo Barão de Drummond, com o objetivo de levantar fundos para o Jardim Zoológico de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Em 3 de julho de 1892, o primeiro sorteio foi realizado, marcando o início dessa modalidade de loteria. A ideia foi apresentada ao Barão pelo mexicano Manuel Ismael Zevada, e o conceito rapidamente se popularizou.

No início, cada visitante do zoológico recebia um bilhete com a estampa de um animal e um número. Todos os dias, às 17h, um pano era descido, revelando o “bicho do dia”. O vencedor recebia vinte vezes o valor da entrada. O primeiro animal sorteado foi o avestruz, e o sucesso imediato do jogo levou a superlotação dos bondes que iam para Vila Isabel, principalmente aos domingos.

Proibição e Expansão Ilegal

Em 1895, apenas três anos após sua criação, o jogo do bicho foi proibido pelo governo. No entanto, a proibição não conseguiu erradicar a prática, que continuou a prosperar de forma ilegal. A informalidade e a acessibilidade do jogo do bicho contribuíram para sua popularidade entre a população mais pobre, que via no jogo uma esperança de ganhos rápidos.

Com a morte do Barão de Drummond em 1897, os contraventores assumiram o controle do jogo, organizando apostas em armazéns e botequins. O jogo se tornou uma atividade cotidiana, com “apontadores” frequentemente sendo amigos da vizinhança, o que ajudou a solidificar sua aceitação social.

A Influência Cultural do Jogo do Bicho

Ligação com o Carnaval

Na década de 1930, o jogo do bicho começou a se associar ao carnaval, especialmente através da figura de Natalino José do Nascimento, conhecido como Natal da Portela. Natal, que perdeu um braço em um acidente ferroviário, se tornou apontador e depois banqueiro do jogo do bicho em Madureira. Sua ascensão e benevolência para com a comunidade local inspiraram outros bicheiros a seguir seu exemplo, fortalecendo a ligação entre o jogo do bicho e o carnaval.

Aprovação Popular e Legitimidade Social

Apesar de sua ilegalidade, o jogo do bicho ganhou uma aceitação popular significativa. A simplicidade das apostas e a proximidade com os jogadores criaram uma conexão forte com a população. O jogo fomenta o imaginário da sorte e a esperança, especialmente entre os menos favorecidos, perpetuando sua prática ao longo das décadas.

Em 1911, o jurista José Macedo Soares observou que o jogo havia se enraizado tão profundamente nos hábitos sociais brasileiros que seria impossível erradicá-lo apenas com a lei e a repressão policial. Sua previsão se mostrou acertada, pois, mesmo após 83 anos de proibição, o jogo do bicho continua a ser uma das tradições culturais mais populares e onipresentes no Brasil.

Legalização e Modernização do Jogo do Bicho

Tentativas de Regulamentação

Em 3 de outubro de 1941, o Decreto-Lei nº 3.688 classificou o jogo do bicho como uma contravenção penal, aumentando ainda mais sua popularidade. Atualmente, estima-se que 20 milhões de brasileiros participam do jogo diariamente. A legalização do jogo do bicho poderia trazer benefícios significativos para o Estado e para a sociedade, regularizando uma atividade amplamente praticada.

A legalização garantiria que milhões de brasileiros deixassem de ser considerados contraventores, passando a exercer uma atividade lícita e produtiva. Além disso, a formalização do jogo poderia gerar receitas adicionais para o governo, que poderiam ser investidas em serviços públicos e projetos sociais.

Modernização das Apostas

Atualmente, cerca de 90% das apostas do jogo do bicho são realizadas através de dispositivos POS (Point of Sale) ou tablets, mas a frase “vale o que está escrito” ainda prevalece. A tecnologia modernizou a forma como as apostas são realizadas, mas a essência do jogo permanece a mesma. Essa adaptação às novas tecnologias mostra a resiliência e a capacidade de evolução do jogo do bicho ao longo dos anos.

Conclusão

Um Legado Duradouro

O jogo do bicho, com suas raízes profundas na cultura brasileira, comemora 132 anos de existência. Sua história é marcada pela resistência à proibição, pela conexão com a população e pela capacidade de adaptação às mudanças sociais e tecnológicas. Apesar de sua ilegalidade, o jogo continua a ser uma prática popular, destacando-se como uma das tradições culturais mais duradouras do Brasil.

Futuro do Jogo do Bicho

A legalização do jogo do bicho permanece um tema de debate, com argumentos fortes tanto a favor quanto contra. Independentemente de seu status legal, é inegável que o jogo do bicho faz parte do tecido cultural brasileiro, representando não apenas uma forma de entretenimento, mas também uma esperança para muitos. O futuro do jogo do bicho dependerá da capacidade do Estado em reconhecer e regularizar essa prática, garantindo a segurança e o bem-estar dos jogadores.

Com suas raízes históricas e culturais, o jogo continuará a ser uma parte significativa da vida de muitos brasileiros, adaptando-se e evoluindo conforme necessário para permanecer relevante e acessível.

Nos acompanhe nas redes sociais do Apostador Brasileiro e saiba tudo sobre apostas esportivas.

Sair da versão mobile