Ícone do site Apostador Brasileiro

Cuca admite falhas e aborda sentença judicial por assédio na Suíça

Athletico x Londrina 036 FotoGusOliv 10 03 2024 copia

À frente do comando técnico do Athletico, Cuca debutou com um triunfo expressivo por 6 a 0 contra o Londrina, na Ligga Arena, durante as quartas de final do estadual Paranaense no último domingo (10). Além disso, ele proferiu manifestações sobre sua absolvição por atos de violência sexual contra uma menor e coação, decisão revogada pelo Órgão Judiciário de Berna-Mittelland, na Suíça, no início do ano corrente.

Respondendo às questões dos repórteres, Cuca proclamou uma nota redigida com apoio de sua esposa e filhas. No anúncio, o técnico admitiu as falhas cometidas anteriormente e declarou que será um defensor no enfrentamento à violência feminina.

Manifestação no Athletico

Logo após sua inauguração no Athletico, o estrategista divulgou uma missiva elaborada junto à sua consorte e prole. Neste documento, Cuca se desculpou pelos atos errôneos antigos, se comprometeu a auxiliar no embate e a se posicionar ativamente contra a agressão às mulheres, notadamente no meio futebolístico.

“Admito que estou apreensivo. Trata-se de um tópico extremamente grave e relevante. Elaborei este texto para evitar deslizes, pois minhas habilidades com as palavras não são das melhores, sou essencialmente ‘homem do futebol'. Gostaria de discorrer sobre os meses precedentes que enfrentei. Já há quase um ano deixei o Corinthians e você pode conceber as adversidades atravessadas e o quanto tenho meditado. Antes de declarar qualquer coisa, era imprescindível escutar minha esposa, minhas filhas. Redigi este manuscrito com seu suporte. Pois ainda me sinto destituído de conhecimento apropriado para discorrer sobre tópicos tão pesados. Por elas e por todas as mulheres, redigi e não anseio cometer erros. Procurei ouvir diferentes posicionamentos e compreender meu papel. Ao início deste ano, li um artigo de Milly Lacombe, no UOL, onde ela enfatizava que essa questão não é unicamente sobre mim. Assimilei seu ponto de vista. Não concerne somente a mim, porém envolve-me também. Decidi me distanciar por um período extenso, mas consegui prosseguir com minha carreira, enquanto uma mulher que passa por qualquer tipo de agressão não consegue avançar na vida sem se machucar, carregando as consequências eternamente. Pude seguir em frente. O universo futebolístico e o masculino nunca me cobraram algo, mas o mundo está mutante e acredito ser para melhor. De nada adianta ser um excelente comandante técnico, esposo, genitor, avô, irmão se não me dou conta de que o mundo vai além do futebol e faço parte destes elementos. Vi as adversidades, mas optei pelo silêncio pelo fato da sociedade me possibilitar, enquanto indivíduo do sexo masculino, permanecer calado. Atualmente reconheço que o silêncio pode ser interpretado como covardia. Tenho tentado escutar mais, compreender mais, assimilar mais. O passado é imutável. Hoje, muitos homens escutam minhas palavras e podem revisitar suas próprias condutas. Sabemos que homens e mulheres habitam realidades díspares e, ao admitir isso, podemos ser resistente inicialmente, contudo as transformações começam a ocorrer. Entretanto, alterações sinceras e factíveis demandam tempo, empenho, aprendizado, são penosas e desafiadoras. A realidade precisa ser alterada para tornar o mundo um local mais seguro para o público feminino. O contexto futebolístico ainda está repleto de preconceitos. Compreendo que quando me demandam algo, transcendem a minha pessoa; refere-se a como tratamos as senhoras. Não estou pronunciando isso somente como um gesto isolado para contentar alguém ou meramente em teoria. Se fosse esse o caso, eu já teria me pronunciado anteriormente. Digo isso com sinceridade. Estou disposto e assumo a missão de fazer parte dessa transformação. Realizarei isso através da força educativa. Desejo contribuir. Anseio iluminar, empregar o alcance da minha voz para me educar e, paralelamente, instruir outros homens, em especial os jovens apaixonados pelo esporte bretão. A fama repentina é um desafio. Muitos perdem-se entre o estrelato e a fortuna. Somos induzidos a crer que podemos tudo, inclusive faltar com o respeito às damas. Precisamos oferecer aos mais novos a chance de não reproduzirem as gafes que muitos de nós já praticamos. É aí que conseguimos sensibilizar, fazê-los refletir, guiá-los. Sucesso, dinheiro e renome são vazios se nos perdemos. Acreditava ter me liberado do tormento após solucionar a questão judicial com a revogação do processo e a compensação. Mas entendi que não conclui porque não dependia unicamente do veredicto legal e sim do meu entendimento sobre o que a coletividade esperava de mim. Aquilo que me observarão praticar daqui para a frente não serão apenas palavras; serão feitos concretos. Mas agradeço por me concederem atenção hoje.”

O incidente de Cuca na Suíça

Comandante técnico do Athletico, Cuca, recebeu sentença de 15 meses de reclusão na Suíça por atos de assédio sexual e coação contra menor em 1989, época em que atuava pelo Grêmio. O esportista brasileiro nunca teve que cumprir a pena e testemunhou o arquivamento do caso no início do ano 2024.

Sair da versão mobile