Pela primeira vez na história dos Jogos Paralímpicos, o Brasil não disputará a final do futebol de cegos. A seleção brasileira, pentacampeã da modalidade, foi derrotada pela Argentina nesta quinta-feira, 5 de setembro, nos pênaltis, por 4 a 3, após um empate em 0 a 0 no tempo regulamentar. A derrota marca o fim de uma hegemonia de quase duas décadas, e agora o Brasil lutará pelo bronze contra a Colômbia no sábado, 7 de setembro, às 7h30 (horário de Brasília). Enquanto isso, a Argentina segue para enfrentar a França na grande final.
Uma Derrota Amarga e Inédita
O Futebol de Cegos do Brasil entrou na semifinal contra a Argentina como o favorito, tendo conquistado cinco ouros em cinco participações no futebol de cegos nas Paralimpíadas. No entanto, a equipe enfrentou dificuldades para quebrar a defesa argentina, levando a decisão para os pênaltis, onde os rivais se saíram melhor. Após a partida, o capitão brasileiro Ricardinho comentou sobre o resultado:
“Temos que lidar com essa derrota da melhor forma. Nos acostumamos a vencer, mas uma hora o Brasil iria perder. Não queríamos que fosse agora, ou dessa maneira, mas um time vitorioso precisa saber administrar a adversidade. Lutamos e representamos nosso país muito bem”, declarou.
Um Jogo Equilibrado do Início ao Fim
A partida começou de forma equilibrada, com poucas chances claras para ambas as equipes. O Futebol de Cegos do Brasil arriscou mais chutes a gol, com uma vantagem de 7 a 3 nas tentativas, mas não conseguiu levar muito perigo ao goleiro argentino Muleck. Como todo bom clássico sul-americano, o jogo foi marcado por muitas faltas, embora nenhuma das equipes tenha estourado o limite.
No segundo tempo, a Argentina tentou pressionar mais, apostando no jogo físico, mas o Brasil logo retomou o controle, mantendo maior posse de bola e tentando avançar no campo ofensivo. A melhor chance da partida veio em uma cobrança de falta de Ricardinho, defendida brilhantemente por Muleck. Apesar das tentativas, o placar permaneceu zerado, levando a decisão para os pênaltis.
Nas penalidades, a tensão foi máxima. O goleiro brasileiro Luan defendeu a cobrança de Ríos, e Padilla, da Argentina, acertou a trave, mas Muleck brilhou, defendendo os chutes de Cássio e Jonatan. Na última cobrança, Ricardinho acertou o poste, decretando a vitória da Argentina por 4 a 3 e garantindo sua vaga na final em Paris.
Rivalidade Histórica e Fatos Marcantes
A semifinal entre Brasil e Argentina foi apenas mais um capítulo da longa rivalidade entre as duas maiores seleções da história do futebol de cegos. O Brasil, pentacampeão paralímpico, ostenta cinco títulos mundiais, enquanto a Argentina, atual campeã mundial, possui três títulos.
Essa rivalidade já havia se manifestado em momentos decisivos no passado, com o Brasil levando a melhor em finais como as de Atenas 2004 e Tóquio 2020. Por outro lado, os argentinos, embora tenham ficado com o segundo lugar em várias edições, mostraram-se fortes oponentes. Agora, a Argentina busca seu primeiro ouro paralímpico.
A Consistência do Brasil nas Paralimpíadas
Mesmo com a derrota nas semifinais, o Brasil mantém um impressionante retrospecto nas Paralimpíadas. Desde que o futebol de cegos foi incluído no programa, em Atenas 2004, a seleção brasileira nunca perdeu uma partida no tempo regulamentar. São 31 jogos, com 23 vitórias e oito empates. Nesse período, o Brasil marcou 60 gols e sofreu apenas seis, sendo o último gol sofrido nos Jogos do Rio 2016.
Esse histórico coloca o Brasil como uma das seleções mais dominantes da história do esporte paralímpico, o que torna a derrota para a Argentina em Paris ainda mais surpreendente. O técnico Fábio Vasconcelos, que liderou a equipe em várias conquistas, terá agora o desafio de motivar os jogadores para a disputa do bronze, buscando manter o Brasil no pódio pela sexta vez consecutiva.
Renovação e Experiência no Elenco
O elenco brasileiro para Paris 2024 mistura a experiência de veteranos com a energia de novos talentos. Entre os jogadores mais experientes estão Ricardinho e Jeffinho, ambos tetracampeões paralímpicos. Os goleiros Luan e Matheus, assim como Tiago Paraná, Cássio, Jardiel e Nonato, também já participaram de edições anteriores dos Jogos Paralímpicos.
Por outro lado, a equipe conta com dois estreantes: Jonatan Felipe e Maicon Júnior, que fizeram sua primeira aparição em uma Paralimpíada este ano. A integração desses novos talentos à equipe demonstra o esforço do Brasil em manter sua tradição vitoriosa no futebol de cegos, enquanto também investe em uma nova geração de atletas.
Próximos Desafios e Esperança de Medalha
Apesar da dor da derrota, o Brasil ainda tem a chance de sair de Paris com uma medalha. A disputa pelo bronze será contra a Colômbia, uma seleção que tem mostrado crescimento no futebol de cegos, mas que não possui a mesma tradição dos brasileiros. A partida está marcada para o próximo sábado, 7 de setembro, às 7h30 (horário de Brasília).
A vitória contra a Colômbia garantiria ao Brasil sua sexta medalha paralímpica consecutiva no futebol de cegos, o que seria um consolo significativo para uma equipe que já acostumou seus torcedores a estar no topo do pódio. O técnico Fábio Vasconcelos e seus jogadores sabem da importância de terminar o torneio com uma vitória e estão focados em dar o seu melhor nessa última partida.
Confrontos Históricos entre Brasil e Argentina em Paralimpíadas
Brasil e Argentina têm uma rica história de confrontos em Paralimpíadas, e os jogos entre essas seleções sempre foram marcados pelo equilíbrio e pela emoção. Abaixo, uma lista dos principais embates entre as duas seleções nas edições passadas dos Jogos:
- Atenas 2004: Brasil 2 x 0 Argentina (fase de grupos) e Brasil 0 (3) x (2) 0 Argentina (final)
- Pequim 2008: Argentina 0 x 0 Brasil (fase de grupos)
- Londres 2012: Brasil 0 (1) x (0) 0 Argentina (semifinal)
- Tóquio 2020: Argentina 0 x 1 Brasil (final)
- Paris 2024: Brasil 0 (3) x (4) 0 Argentina (semifinal)
A rivalidade entre Brasil e Argentina no futebol de cegos promete continuar acirrada nas próximas competições, com ambas as equipes sempre buscando se superar em cada confronto.
O Legado Continua
Independentemente do resultado em Paris, o Brasil segue sendo uma potência no futebol de cegos, com um legado de conquistas que continuará a inspirar futuras gerações de atletas. A derrota para a Argentina é apenas um obstáculo no caminho de uma seleção que tem tudo para voltar mais forte nas próximas competições.
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